O segredo nazista no Norte da França



A Cúpula (La Coupole) é um museu, ou melhor, dois museus em um espaço só. Um é histórico, o outro um planetário em 3D. Neste post, abordaremos apenas o primeiro.


Entrada de La Coupole. Fotos: A La Carte Viagens

 A entrada é um túnel subterrâneo que leva a um bunker. Bunker é um termo que passou a ser usado depois da Segunda Guerra Mundial para designar uma instalação fortificada subterrânea e blindada que consegue proteger o local de impactos, bombas e mísseis.

Logo na entrada o visitante é surpreendido por luzes piscando, um longo corredor de iluminação fraca, escuro, frio, com água infiltrando nas paredes e no teto, o som ambiente é de máquinas trabalhando. Visualmente a visita não começa bem. E nem poderia ser! O assunto abordado ao longo das salas, galerias e corredores é a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente a parte ocorrida no Norte da França e Bélgica.


Um dos corredores do bunker.

Já na primeira sala uma senhora dá um depoimento impactante. A sua deportação aos 20 anos de idade. Na sala seguinte, 30 painéis contam um pouco da história dos judeus no Norte da França e Bélgica, desde a chegada, instalação, até o Holocausto. E mais na frente um pouco sobre a Primeira Guerra Mundial, mas essa não é ainda a parte mais importante do Museu.
Exemplos de vagões no interior do museu.


Um dos muitos túneis construídos no local
A questão central é: O que acontecia de tão importante neste lugar? Voltamos um pouco na história e chegamos ao ano de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. A França estava com metade do país invadido pelos alemães e apenas o sul livre. Em setembro do mesmo ano, a armada alemã começou a construção pela organizaçao Told na cidade de Helfaut-Wizernes, localizada à 5 km de Saint-Omer (Pas-de-Calais) do Complexo Subterrâneo que abrigava os preparativos para a arma secreta alema, arma essa destinada a nada menos que: Lançar foguetes A4/V2 com a capacidade de voar até 230 km até o alvo. 

Vale lembrar aqui que Londres está localizada a apenas 190 km do local. Ou seja, os mísseis poderiam destruir a Inglaterra e reverter o rumo da Segunda Guerra. Só para ter noção, dependendo da posição do foguete, ele poderia alcançar Londres em menos de 5 minutos! 


A representação de um A4/V2

Ao longo do passeio, imagens, vídeos e depoimentos mostram as atividades no local na época. O trabalho de cerca de 1500 trabalhadores era intenso, sem pausas. Durante 24h por dia.

No ano seguinte, em 1944, ao fazer sobrevôos de reconhecimento de terreno, os britânicos se depararam com imagens que identificavam o local. Tentando conter as atividades ainda desconhecidas lançaram 16 ataques com 3193 toneladas de bombas tentando destruir o lugar, mas vale citar que nenhum dos ataques conseguiu atingir o domo (a cúpula) que era uma espécie de proteção para o espaço todo.


Uniformes utilizados

Após a guerra, houve uma visita dos britânicos no local e Churchil achou perigoso o espaço, numa possibilidade de um próximo ataque à Londres. Para evitar, explodiram com dinamites todas as entradas e apenas em 1997 o museu foi aberto para visitações.

No ano seguinte, em 1944, com a construção praticamente terminada e os foguetes a um passo de serem lançados veio o abandono do local. O desembarcamento das tropas aliadas na Normandia dava fim à guerra! 


Representaçao de um muro de execuções. No canto, trecho de uma carta de despedida
Durante a visita é possível ainda escolher o percusso. A parte com filmes: Circuit Cinéac ou o Circuit Rex (que é menor) e também a parte dedicada apenas às armas projetadas pelo engenheiro Wernher von Braun (que depois se tornaria um dos pioneiros na corrida espacial à Lua) e o Memorial dos Deportados (dedicados aos 8 mil fuzilados e exilados do Nord-Pas-de-Calais), falando sobre a invasão, êxodo, vida cotidiana, resistência, colaboração e finalmente a libertação. 

"Por sua massa esmagadora, pela característica subterrânea de suas instalações, pelo sofrimento dos trabalhadores forçados que edificaram, constitui um lugar símbolo da opressão nazi", descreve o site oficial.


Pequeno caixão construído por um francês com pedaços de ossos recolhidos do campo de concentração de Mauthausen na Áustria.


                                                                                                                    Allana Andrade Berthélemy

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